terça-feira, 23 de novembro de 2010

ITABUNA.

Moradores de Tabocas decidem nome
da nova cidade juntos com os líderes políticos que buscavam a emancipação administrativa e política desde 1904, só tendo conseguido seis anos depois, em 1910.
      Centro de um comércio desenvolvido e da cultura do cacau, prédios de alto valor, mais de mil casas de residência, diversas lojas de miudezas, casa de ferragens e padarias. Esse era o Arraial de Tabocas no início do movimento para a separação de Ilhéus e a troca de nome.
      A disputa entre os líderes locais ficou ainda mais acirrada nos anos que antecederam a emancipação política e administrativa do Arraial.
      De acordo com os historiadores, de um lado estavam os correligionários de José Firmino Alves, o fundador da cidade, e no outro ficavam o pessoal do coronel Henrique Alves do Reis. Os dois grupos lutando pela emancipação.
     
      Divergências
      O ponto de divergência estava em quem iria ficar com a glória da emancipação e teria mais privilégios junto à intendência de Ilhéus e ao governo do estado.
      Quem conseguisse a emancipação ficaria por cima na política local, mas a tarefa não foi nada fácil, pois a intendência de Ilhéus não estava disposta a abrir mão do seu mais importante distrito.
      Os debates em torno da escolha do nome para o arraial esquentaram em 6 de março de 1905. Dessa reunião participaram líderes como Ramiro Nunes de Aquino, José Firmino Alves, Paulino Vieira e Benigno Azevedo.
      Segundo o historiador Adelindo Kfoury Silveira, começa ali as sugestões de nomes, sendo os mais lembrados Firmino Alves e Henrique Alves. Os dois recusaram a homenagem, ao contrário dos "líderes" de hoje, ávidos de colocar seus nomes em obras e cidades.
      Adelindo conta que durante a reunião para a escolha do nome da localidade, como havia um grande impasse, o biscateiro conhecido como João Colete passou em frente à casa onde ocorria o encontro e gritou: "bota Maria Buna!" Maria Buna era o apelido de uma lavadeira da cidade.
     
      "Ita" + "Una"
      Depois de risos e protestos, o farmacêutico Artur Nilo de Santana, sugeriu Itabuna.
      No entanto, antes da sugestão do nome, o farmacêutico lembrou que, na língua dos índios, primeiros habitantes da localidade, "Ita" que dizer Pedra e "Una" Preta. Pedras pretas era o que não faltava no Rio Cachoeira, que atravessa a cidade.
      O nome de Itabuna foi aprovado por unanimidade dos presentes, mas só se tornou oficial tempo depois. A partir daí se intensificou a luta pela emancipação política de Tabocas.
      De 1905 a 1910 foram registrados diversos conflitos entre os correligionários dos líderes Firmino Alves e Henrique Alves que, embora tivessem sobrenomes iguais, não eram parentes. A batalha tanto ocorria no campo político quanto no das agressões físicas.
      Finalmente, em 28 de julho de 1910, após o governador da Bahia, João Ferreira de Araújo Pinho, sancionar a lei 807, Itabuna conseguia emancipação política e administrativa.
      A nota vergonhosa foi que o fundador da cidade, Firmino Alves, o homem que mais lutou e se dedicou a ela, não foi convidado para a leitura do ato de emancipação porque era opositor de Henrique Alves, que fez a apresentação do documento no Conselho Municipal.

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